Simples Poesia

"A poesia, por pouco que se queira descer em si mesmo, interrogar sua alma, evocar suas lembranças de entusiasmo, não tem outro objectivo a não ser ela mesma, não pode ter outro, e nenhum poema será tão grande, tão nobre, tão verdadeiramente digno do nome de poema, quanto aquele que foi escrito unicamente pelo prazer de escrever um poema."- Charles Baudelaire-

quarta-feira, setembro 08, 2004

Noite fria, desprevenida
escuridão assustadora
uma lembrança atrevida
experiência aterradora

Calmas manhãs cinzentas
um despertar sonolento
memórias algo lentas
superam o atrevimento

Pássaros cantam fugazmente
até o silêncio romper
cantam alegremente
sem porquê saber

Um raio de sol atrevido
tenta à terra descer
espírito destemido
até um dia morrer

Longínquos murmúrios
eu sonho ouvir
vindos dos subúrbios
sem ter para onde ir

Oh alma desregrada
que teimas em não fugir
Oh vida amaldiçoada
que teimas em não partir!!

Partir para um lugar distante
onde te não possa encontrar
onde seja um visitante
que apenas te vai acomodar...

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quinta-feira, setembro 02, 2004

Estrela dourada que ilumina
o teu corpo belo, quase nu
Espreita-te lá de cima
querendo saber quem és tu

Voltas o teu olhar num só momento
o espectro de luz em ti se reflecte
foge-te sem querer o pensamento
Abre-se-te a mente na forma de um leque

Sussurras uma só palavra
que eu senti com todo o fulgor
eras tu quem eu amava
por teres dito a palavra amor

Agora sou eu que te olho, tímido
mas com vontade de explodir
O amor eu tinha sentido
e em teus braços me deixei cair

Surpreendi-te por instantes
os teus lábios pareceram-me eternos
ficámos como dois amantes
carinhosos e eternamente ternos

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Lovers in Moonlight, Marc Chagall

quarta-feira, agosto 04, 2004

O meu rosto transparecerá paz
quando de manhã ela me olhar
Será de certeza um olhar fugaz
igual ao que eu lhe irei lançar

Só não sei como será a seguir
Se ela tudo irá ignorar
E eu parvo, a sorrir,
sem lhe dizer que a quero amar

Mas ela já algo deve ter percebido
perante a insistência do meu ser
em não querer ser esquecido.
Eu é que pareço não querer perceber!!

Pois custa-me voltar a sofrer
O mesmo ou mais que no passado
Não! Não, quero voltar a ver
o meu espírito atormentado!

Mas esse parece ser o meu destino
Que outra coisa poderia esperar
esta louca mente em desatino
desejosa por alguém vir a amar...

domingo, julho 25, 2004

Tristeza assombrosa
rodeia o seu ser
Ó vida tenebrosa
o que me foi acontecer

Procuro a solução
penso que a encontrei
mas ao meu coração
ainda não a ensinei

Não tenho em que pensar
mas tenho muitos pensamentos
não posso aqui ficar
a olhar para os meus tormentos

Penso em fugir
para um outro lugar
estou quase a desistir
de continuar a lutar

Quero chorar
mas não consigo
Quero acreditar
no mundo inimigo

Busco a solução
sem saber onde procurar
entoo uma breve canção
tentando-me aliviar

Deixei de acreditar
no meu próprio ser
quero-me aventurar
sem nada saber

Será castigo ou ilusão?
Pergunta sem resposta
Denoto corrosão
Ó vida de bosta

Apetece-me gritar
para alguém me ouvir
e me tentar afundar
para deste barco sair

Mas não vou desistir
pois seria a minha fraqueza
continuo a sorrir
deito-me sobre a mesa...

sábado, julho 24, 2004

Chama longa e incandescente
que me olhas com plenitude
Ó vela que me alumias a mente
elevando-a ao altar da magnitude

Fazes-me sentir um senhor titânico
com poderes sobre o mundo
Dás-me um poder satânico
querendo ir mais fundo

Queimas a minha ignorância
perante incrédulos olhares
sentes a minha ganãncia
subir ao maior dos altares

Perguntas-me se tenho amor
e deixaste-me inconsciente
arrefeces-me todo o meu pudor
Eu amo-a! Só que ela não sente

Porque me olhas dessa maneira?
Ó vela do inferno!
tudo o mais que eu queira
Eu olho-te com um olhar terno

Apagou-se a tua chama poderosa
mas voltou-se a reacender
Não sejas tão mentirosa
Nunca mais te quero ver

tens poderes de sedução
sobre seres na vida perdidos
apelas á corrupção
de cérebros aturdidos

mas eu te continuo a olhar
absorto na minha imaginação
não deixes o meu coração parar
não me dês voz à razão!

Sombras que se erguem profundamente
num espectro de luminosodade
tudo aquilo que ele sente
reflecte-se na sua vaidade

Mas, em que penso eu afinal
ó vela tão assombrada
Eu sou um ser do mal
que te vê toda quebrada!!

quinta-feira, julho 22, 2004

Uma visão do paraíso
quem não a quer ter
para ao menos ter um sorriso
que não se possa desvanecer

É uma procura constante
É querer tudo saber
Mas encontro-me tão distante
que tudo passa num instante

O instante que passou
não mais se vai passar
Tudo o que ele sonhou
Jamais irá sonhar

Os sonhos são a minha vida
devia era ser o oposto
a minha vida um sonho
por trás do sol posto

Quero voltar a amanhecer
Quero luz irradiar
para então tentar saber
o que estava a sonhar...

segunda-feira, junho 28, 2004

Ribombam lá fora trovões
Virão anunciar a minha desgraça?
Continuam as eternas questões
Oh que vida sem graça...

Não há silêncio neste momento
A música que parece do oriente
atenua o meu sofrimento
mas não é sensação permanente

Agora sim houve um momento
que foi agradável de sentir
mas que aumentou o sofrimento
que me dá vontade de desistir

sexta-feira, junho 18, 2004

O meu mundo quero construir
e para isso preciso arriscar
mas se o risco o vem destruir
de que vale a pena querer amar?

Se me tento aproximar do amor
Se algo novo tento alcançar
Só aumenta a minha dor
Só me consegue fazer chorar

Mas porque não posso eu sorrir?
Quem quer que eu não sorria?
Que nem sequer me deixa dormir!
Sucumbo na minha agonia...

Engraçado é também não querer desistir
deste novo amor que penso ter encontrado
Acredito que ele me pudesse fazer sorrir
mas por enquanto só me deixa angustiado...

Os dias continuarão a correr
e com eles virá a ilusão
talvez um dia vá saber
quem quer o meu coração...

segunda-feira, junho 14, 2004

Porque passo eu tanto tempo a sonhar?
Se nada consegue ser real
Quem quero eu enganar?
Quem me está a fazer mal?

Tudo o que quero ser
é tudo o que não sou
Deito tudo a perder
nunca sei para onde vou

Mas sei onde gostava de ir
pelo menos na imaginação
mas acabo sempre por fugir
da voz do meu coração

Mas porquê tanta inquietação?
Porquê tanto sofrimento?
Calem-se vozes da razão
deixem-me aproveitar o momento

terça-feira, maio 18, 2004

Tudo se constrói e tudo se destrói
Tudo apenas num só momento
Porque será que a vida dói?
Gostará de causar sofrimento?

No passado vejo o futuro
e o futuro não consigo ver
É como se houvesse um muro
entre mim e o meu ser

Um muro que não consigo quebrar
Um muro que me separa de mim próprio
Não perceber o que comigo se está a passar
torna-me num ser impróprio

Quem sou e quem quero ser
Não tenho resposta a nenhuma destas questões
Apenas sei que um dia irei morrer
depois de uma vida cheia de ilusões

sábado, abril 17, 2004

Parece não existir alegria
neste mundo grande e nefasto
A verdade é muito sombria
Para que se lhe consiga saber o rasto

Esconde-se por trás de cada ser
Que nem ele por vezes sabe distinguir
Move-se em silêncio sem ninguém saber
À mentira acaba às vezes por sorrir

Confundem! Destroem a minha mente!
Nem saber qual é a minha verdade
E o prazer que por isso ela sente
põe em duvida alguma da minha sanidade

Quem sabe o que está por trás
de cada palavra, gesto ou acção?
Será um espírito mordaz
A quem dá prazer a nossa confusão?

terça-feira, abril 13, 2004

Quem sabe a verdade sobre ti?
Eu não consigo saber
Duvido que seja alguém que eu vi
És capaz de me dizer?

-Não, também eu não sei
Nem sei nada sobre ti
Nem sei se algum dia saberei
Eu algum dia te vi?

Mas quem és tu e porque estás aqui?
Ainda agora não eras tu
Foi um outro que eu vi...

CALEM-SE! Calem-se todos por favor
Há em mim lugar para todos
A nenhum guardarei rancor
por fazer dos outros tolos

segunda-feira, abril 05, 2004

Escrever o que sinto
Sentir o que escrevo
Não! Eu não vos minto
só preciso de sossego.

Eu preciso de paz interior
e dizer o que me vai na alma
e extravasar para o exterior
o que realmente me acalma

As estrelas acalmam-me
os pássaros também
e conseguem ajudar-me
a eu ser ninguém

Ser ninguém é importante
Pra me conseguir encontrar
mas se há coisa irritante
é ser um ser vulgar

Por isso escrevo
para quem quiser ler
sem nunca ter medo
do que possa vir a sofrer

domingo, março 28, 2004

Quem sou eu afinal?
Acho que ainda não sei
Serei um ser brutal
ou o ser que idealizei?

Tento encontrar-me
mas preciso de ir fundo
Tento idealizar-me
como ser deste mundo

Para me encontrar
Preciso de viver
Para me idealizar
Preciso esquecer

Tenho que tentar viver
num mundo desprezado
no mundo onde vou morrer
no mundo onde fui criado

sábado, março 27, 2004

Há um vazio no ar
sinto-o na alma
esvazia-se o pensar
e reina a maior calma

Não há nada que se veja
Não há nada que se sinta
e também nada sobeja
deste quadro que se pinta

Não! Não é quadro afinal
é uma simples imagem
ou apenas um ideal
de muita coragem

Coragem de criar
o que não existe
e fitar com um olhar
absorto e triste!

Olhei e não gostei
penso em regressar
esquecer o que sonhei
e voltar a pensar

Olho em redor
e volto a mim
envolto em suor
e à vida digo sim.

Palavras, Palavras, Palavras
O que são?, O que são?
Palavras, maradas, maradas
Onde estão?, Onde estão?

Palavras que se confundem
no interior da minha cabeça
Palavras que me iludem
e fazem com que nada me apeteça!

Ocupo-me a escrever
ou a olhar para o ar
não tenho nada que fazer
não tenho nada em que pensar.

Tudo isto se torna preocupante,
estarei-me a tornar num ser vulgar?
Não, não posso ir avante,
tenho que tornar a pensar!

Calma! Não fiques assim,
vais ver que te recompões.
Sim, Sim, Sim!
O quê? Não digas palavrões!

Chamo nomes a mim próprio
estarei a enlouquecer
Não! Porque eu estou sóbrio
O que me estará a acontecer?

Ai, Ai, que isto é esquisito.
Estarei eu a alucinar?
Apetece-me vinho tinto,
Hã? Do que estava eu a falar?

Loucura, loucura, sem fim,
sem princípio, sem quaquer nexo,
Ai, o que vai ser de mim?
Olha, agora estou a pensar em sexo.

Ai, juventude perdida
em montanhas montanhosas,
Ai, Ai, a minha vida
de loucuras mentirosas.

Ah! Ah! Ah! Acreditaram
no que vos falei?
Louco me chamaram
nomes vos chamarei

Levei a melhor
enganei-vos a todos
e não há nada pior
do que fazer de vós tolos!

sexta-feira, março 26, 2004

A noite

A noite é mistério
A noite é paixão
Propicia o adultério
e liberta o coração

A noite é pensamento
A noite é solidão
A noite é sentimento
A noite é evasão

A noite é silenciosa
por vezes com ruído
mas é sempre atenciosa
quando me sussurra ao ouvido

A noite diz-me o que quero ouvir
e eu quero ouvir a minha voz
e eu continuo a sorrir
apesar do mundo ser atroz

A noite ajuda-me a encontrar
o homem que eu quero ser
A noite ajuda-me a amar
a quem eu devo querer

Na noite encontro conforto
Na noite encontro solução
para o meu pensamento absorto
e para a voz do meu coração

Mas quando chega a madrugada
tudo desaparece
à espera da alvorada
quando o sol quente aparece


quinta-feira, março 25, 2004

Aqui vai existir poesia
quer seja noite ou dia...